Toyota aponta incoerência entre o OE 2021 e a política ambiental do Governo

  • A recente limitação nos incentivos fiscais do Governo para híbridos e híbridos plug-in desincentiva o sector automóvel na massificação de tecnologias limpas.
  • A medida aprovada pelo Governo, que não consultou previamente os representantes do sector, é contrária à estratégia e ao compromisso assumido por Portugal de alcançar a neutralidade carbónica em 2050.
  • Num momento em que o sector automóvel regista uma quebra de vendas superior a 35% esta alteração ao Orçamento de Estado 2021 (OE2021) é um rude golpe para toda a industria.
  • Indústria automóvel é dos setores que mais investe em tecnologia para redução das emissões poluentes, tendo a Toyota colocado já no mercado mundial mais de 15 milhões de viaturas eletrificadas híbridas, o que equivale a 118 milhões de toneladas de CO2 poupadas ao ambiente[1]

A recente aprovação do OE 2021, que restringe a discriminação positiva de viaturas eletrificadas híbridas e híbridas plug-in, foi recebida com total espanto e deixou a marca Toyota incrédula. Tomada de forma unilateral pelo governo, sem qualquer consulta aos representantes do sector, a Toyota não entende o alcance da medida, que é contrária à política ambiental do Governo, conduzindo à redução das vendas de viaturas eletrificadas híbridas e ao aumento das viaturas convencionais mais poluentes.  Por isso, seguem abaixo as razões pelas quais está profundamente contra esta decisão:

  1. Um carro de passageiros equipado com um motor híbrido combina dois motores: um motor de combustão interna (no caso da Toyota e Lexus sempre a gasolina) e um motor elétrico, ao alternar facilmente entre a pura energia elétrica e a eficiência da gasolina quando a velocidade aumenta, a tecnologia Híbrida Toyota não apenas economiza combustível, mas também oferece emissões de CO2 mais baixas que um veículo convencional com motor a combustão. No caso dos veículos Toyota os veículos circulam em cidade até 50% do tempo em modo elétrico, logo sem emissões e melhorando em muito o desempenho ambiental do veículo.
  2. Em comparação com os veículos com motorizações convencionais, o nível de emissões dos veículos híbridos é significativamente inferior. Com exemplos: Toyota Yaris 1.5 Hybrid com 88g/km CO2 versus Toyota Yaris 1.0 Gasolina 128g/km CO2. No caso do Toyota Corolla  1.8 Hybrid 111g/km CO2 versus Toyota Corolla 1.2 gasolina 151 g/km CO2. Escusado será dizer que todos os veículos passam por rigorosos testes de certificação e homologação a nível europeu que comprovam estes valores.
  3. Portugal tem hoje das mais elevadas cargas fiscais sobre automóveis. A medida agora aprovada faz com que uma tecnologia mais amiga do ambiente seja menos competitiva, levando ao consequente incremento do número de viaturas com motorizações convencionais em circulação com emissões de CO2 superiores. Nesse sentido esta medida é um retrocesso na política ambiental do governo.
  4. O parque automóvel circulante português é um dos mais antigos da Europa, com uma idade média de 13 anos. Acreditamos que a primeira ação de redução do impacto ambiental deve basear-se na estratégia de incentivar o abate de carros antigos poluentes e tecnologicamente desatualizados, promovendo a substituição por carros mais avançados tecnologicamente. Os veículos eletrificados com a tecnologia híbrida e plug-in híbrida são uma solução amiga do meio ambiente.
  5. Não existe nenhuma medida de alteração no OE 2021 que limite a importação de veículos usados mais poluentes. Um fenómeno que se mantem há vários anos e que leva ao aumento da idade do parque circulante e ao aumento de emissões poluentes.

O OE2021 é dissuasor do investimento dos fabricantes automóvel em tecnologias ambientalmente mais eficientes, pelo que remato, afirmando:

O critério definido pelo Governo para discriminação fiscal positiva das viaturas híbridas menos poluentes é um absurdo. É estabelecido um parâmetro de elegibilidade que nem sequer é mensurável nem consta da homologação técnica das viaturas. O resultado foi a exclusão de todos os modelos híbridos não plug-in da taxa reduzida de ISV.

TOYOTA CAETANO PORTUGAL, SA

José Ramos

Presidente & CEO


[1] Quando comparado com a venda de veículos com motorizações convencionais)